Não sabia distinguir se era dia ou noite, só sabia que fazia frio e tinha pouco cobertor sobre mim.
Senti que minhas mãos estava segurando outra. Tomei uma boa dose de coragem para abrir os olhos, não somente para ver quem estava ali comigo, mas também para acordar para a realidade, para dar continuação a minha vida... para enfrentar meu pai e para saber o que tinha acontecido.
_Luan... -disse apertando a mão daquele menino que se encontrava com a cabeça encostada na cama e com o cabelo todo bagunçado-.
_Sophia...Meu Deus. Eu não tô acreditando. Você ta bem? O que ta sentindo? -Acho que ele não percebeu que eu estava meio grogue e despejou várias perguntas ao mesmo tempo e se engasgando com todas elas-.
_Eu..não acredito que tudo isso aconteceu... -disse ao perceber sua preocupação e por perceber que o acidente foi muito mais intenso do que eu imaginava-. Cadê minha mãe e meu pai? Luan... me perdoa.
_Fica calma, você ta bem... -ele me olhava com os olhinhos brilhando-.
_Luan... -eu não queria aparentar fraqueza na sua frente, mas a situação estava tão complicada que eu deixei de me importar com o que ele estivesse pensando sobre mim...sobre minha falha-.
_Eu te amo tanto, eu senti tanto sua falta... -ele chorava tão desesperadamente, que eu não sabia como agir...-.
_Porque eu não posso levantar para te abraçar? -Disse segurando em seu rosto para que ele não pudesse desviar o olhar do meu-.
_Mas você pode... eu estava com tanta saudade.
_Minhas pernas... -coloquei as mão sobre elas- eu não estou sentindo-as.
Ele ficou tão perplexo quanto eu.
_Luan?
_Calma Sophia, são os remédios...
_Luan... o que aconteceu?
_Você ficou vários dias em como, meu amor... -ele apertou minhas mãos-.
_Dias? -disse quase sem acreditar no que acabara de ouvir-.
_Foram dias terríveis, foram dias da culpa me consumindo... foram dias imaginando o que aconteceria com você, conosco.
_Luan, eu não imaginava tudo isso...
_Calma, você precisa tomar mais remédios.
_Mas Luan, as minhas pernas... minhas pernas! -disse repetidas vezes- eu não estou sentindo-as.
_Olha, você confia em mim? -Disse tão nervoso quanto eu-.
_Confio... -falei após um grande suspiro-.
_Então ó -ele se aproximou o máximo que pôde de mim- suas pernas devem estar dormentes por causa de algum medicamento, eu vim aqui por vários dias e vi eles te dando muitas coisas e dando várias injeções em você... Então ta explicado, ta bom? Vai dar tudo certo.
_Eu queria levantar para te abraçar...
_Luan...Sophia! -A enfermeira me olhou espantada e só assim eu vi que o Luan tinha razão, o acidente foi de grande proporção-. Luan, você deveria ter nos avisado que ela acordou.
_Desculpa, é que ela acabou de acordar...
_Luan, seu horário acabou. Vou chamar os médicos e logo após os pais. Você verá ela apenas amanhã agora.
_Amanhã?
_É Luan, amanhã. Vem...
_Eu volto ta bom? Eu sempre voltarei pra você... -disse ele me dando um beijo e logo após outro na testa- eu te amo.
_Eu te amo muito!
Ele virou as costas e de repente uma sensação de medo se apoderou de mim, parece que ele tinha levado consigo toda minha fé, minha força e minha coragem.
Olhei para um relógio e vi que eram 19:30, esperei que meus pais estivessem no hospital para vim me vir, pois se demorassem muito, só iria conseguir vê-los amanhã. Já que o horário de visitas acaba as 20 horas (Com certeza o regulamento do hospital não tinha mudado desde a primeira vez que eu vim aqui um dia desses).
Quando estava quase pegando no sono, ouço a porta abrir.
_Minha filha... -minha mãe correu para o meu lado largando meu pai sozinho na porta-.
_Mãe... -senti as lágrimas tomarem conta dos meus olhos-.
_Como você está? Eu fiquei tão preocupada.
_Só com o corpo meio dormente...
_Seu médico não virá hoje, só amanhã cedo. Ele está em cirurgia, e amanhã trará seus diagnósticos. -Disse meu pai interrompendo o que minha mãe ia dizer-.
_Entendi... -disse vendo que nada entre nós tinha mudado. Ele continuava sendo o mesmo, apesar de tudo-.
_Você vai ficar melhor querida...
_Eu espero...
Ficamos conversando por volta de 25 minutos, o horário como eu imaginava acabara logo. Eles me prometeram voltar amanhã cedo no primeiro horário. Fiquei feliz por saber que meus pais, tinham largado tudo para estar aqui comigo -bom, eu imaginava isso-.
Fiquei triste por ficar sozinha, precisava da presença de alguém ali comigo. Mas o sono logo veio e eu dormi sem nem fazer esforço como era de costume.
Acordei ás 09:30 e vi que meus pais estavam ali já, fiquei pensando quanto tempos eles ficaram me esperando acordar!
_Bom dia, minha vida! -minha mãe veio me abraçar-.
_Bom dia mãe! -sorri para ela- bom dia pai. -disse infelizmente secamente-.
_Bom dia... como você está?
_Tô melhorando, e o senhor?
_Não muito bem, pra falar a verdade. Já comecei o dia empacado.
_Otávio... -minha mãe nos interrompeu-.
_O que aconteceu?
_Ah, o cantorzinho está lá fora. Acredita que ele queria entrar primeiro que a gente? Até parece!
_Porque não entraram juntos?
_Porque somos seus pais e ele não é nada seu.
_Otávio, não! -Minha mãe o repreendeu-.
_Ele é meu namorado, queria você ou não. Aceitando ou não. Passei da fase em que você permitia meus namoros.
_Você depende de mim. Queria você ou não, aceitando ou não. -Ele me imitou na última frase-.
_Tudo bem, vou dar minha cara a tapa, não vou mais depender de você. Ou você aceita esse namoro, ou você não vai me ver dentro da sua casa.
_Vai sobreviver de vento? Vai pagar a faculdade como? Vai sustentar seu hipismo até quando? A água vai bater e você vai voltar...
_Tenho dinheiro que dá para eu voltar para casa das minhas primas, lá eu tenho certeza que não vão dizer que eu dependo deles.
_Sophia, não precisa de tudo isso... -minha mãe falou-.
_Cansei de viver assim, ou vocês aceitam o Luan ou eu pego minhas coisas e vocês só vão ficar sabendo que eu estou bem, pois nem para onde eu vou eu quero que vocês fiquem sabendo.
_Isso tudo é por causa dele? Vale mesmo a pena? Aonde já se viu, você mal o conhece. Ta pensando o que da vida? Bateu a cabeça forte demais, por isso ta com isso na cabeça? Você vai ser sempre dependente de mim, ou você aceita as minhas condições ou você pode morar do outro lado do planeta.
_No outro lado do planeta deve ser melhor que isso aqui, nesse inferno! Cansei de ser humilhada todos os dias, cansei de você fazer de mim o que você quiser. Você não quer uma filha, você quer mais alguém em quem possa mandar. Você está tão acostumado a mandar no seu trabalho, que quer fazer isso comigo também. Eu já tolerei demais, eu passei dos meus limites! -Gritei com ele-.
_Você é a pessoa mais ingrata desse mundo, você deveria ter aprendido já como são as coisas. E esse acidente, tomara que sirva pra você colocar alguma coisa na sua cabeça e tirar esse moleque da cabeça. Porque você é tão irresponsável quanto ele. É culpa de vocês, você estar aqui.
_Culpa dele? -berrei, literalmente- você está se tornando a pior pessoa do mundo pai. Ou melhor, eu nunca quis enxergar como você era. Se eu estou aqui hoje, se tudo isso aconteceu foi por sua culpa. Por esse seu pensamento nojento, por você ter pensamentos de um homem da caverna. Mas eu aposto que até eles, pensam mais que você. Sai desse terno, para de se achar um pouco. Eu não vou mais me submeter á suas gracinhas. Você nunca gostou de mim, e se você sentir um pouco de afeto sobre mim, o menor que seja, me aceita em primeiro lugar e depois aceita o Luan... eu não aguento mais tudo isso, eu não aguento. Cheguei no meu limite. -disse exausta-.
O silêncio predominou.
_Acabou o momento de vocês, desculpem. Temos outra visita. -A enfermeira nos disse ao abrir a porta-.
_É o Luan? -disse falando para enfermeira mais olhando para meu pai-.
_Sim, ele pode entrar?
_Pode sim! Não é mesmo, pai?
_É que... a gente precisa conversar... -disse ele pausadamente-.
_Tem certeza que ele não pode entrar pai?
_Pode sim... -Ouvi aquelas palavras e senti um alivio enorme no peito, não era apenas um ''pode sim'' significava também que o Luan e eu estaríamos bem agora. Estaríamos juntos e felizes sem ninguém e nada para nos atrapalhar.
Meus pais saíram do quarto, e eu logo contei entusiasmada para Luan o que tinha acabado de falar com os meus pais, ele ficou tão feliz quanto eu. Tão contente e radiante que eu não aguentava mais ficar naquele hospital, queria apenas levantar dali e viver intensamente cada minuto da minha vida.
_Bom dia... -o médico disse interrompendo nossa conversa- como está a nossa paciente?
_Morrendo de vontade de escovar o dente pra falar a verdade, mas os remédios estão me fazendo mal, não me deixam levantar...
_Bom, vim falar sobre isso.
_Aqui estão os papeis... Mas espera só um minuto, vou chamar seus pais. -Ele voltou após alguns minutos com eles-. Bom Sophia, não tenho uma notícia muito boa para te dar.
A perplexidade se encontrava tanto em mim, quanto nos meus pais e em Luan.
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Desculpem a demora. Esperamos que gostem e que comentem!
4 comentários:
Nossa que tenso!!! Ah que alegria ver a Sophia enfrentando o pai, ah que medo dessa noticia!!!!! bjssszsss
(@soamorpelo_ls)
aaaaaaaah, daki pra frente a relação com o pai dla vai mudar!! :) to adorando.. continuaaa amr
@luanwithpride
meu Deus, continua
To amandoo leitora nova! Viciei na tua fic!! Poostaaa maaaiiiissss!!!
@MyWorld_LuanR
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