terça-feira, 1 de outubro de 2013

ɞ Capítulo Setenta E Um ʚ

Para a minha surpresa, pensei que iria embora naquele mesmo dia. Mas continuei no hospital até o dia seguinte.

_Sophia, demos aos seus pais o horário e o dia da cirurgia de semana que vem, esperamos que você fique de repouso e que por favor não tente nada. Você pode acabar agravando a situação. A partir da cirurgia e de como você ficará poderemos decidir a intensidade dos seus novos tratamentos.

_Tudo bem Doutor, não vou tentar nada não... até porque não quero ficar pior do que já estou, se é que isso ainda é possível.

_Você vai ficar bem logo. -Para a minha surpresa ele sorriu na tentativa que eu fizesse o mesmo, mas foi em vão-.

_Sophia, já compramos sua cadeira de rodas. -Meu pai disse com a voz diferente do normal, percebi que ele tinha ficado tão abalado quanto eu-.

_Não achamos nenhuma motorizada, mas vamos comprar. -Falou minha mãe, na tentativa de me animar-.

_De qualquer jeito eu vou ter que ficar sentada, que diferença terá? O bom é que meus braços terão algo pra fazer. -Falei sarcasticamente-.

Meu pai abriu a porta e voltou com a cadeira. Me senti meio atordoada ao ver ela, eu sabia que teria que usa-lá, mas vê-lá ali e saber que era para mim me aterrorizava um pouco. Nunca em nenhum momento da minha vida, passou pela minha cabeça que um dia eu estaria ali...no colo do meu pai, para me sentar numa cadeira de rodas. Inválida e com poucas chances de voltar a um dia a ficar de pé.
Luan continuava a me visitar, tive algumas conversas com  minha mãe desde que acordei, e segundo ela desde o dia do acidente não teve um dia, mesmo por pouco tempo que ele não esteve ali para saber como eu estava. Fiquei pensando como ele estava se desdobrando, e como ele com certeza estaria muito mais cansado com essa rotina de ir me visitar; tadinho, isso era apenas o começo daquela nossa nova vida, de uma vida que eu não sabia se iria aguentar. Digo isso, pois sempre vivi solta por ai, sempre fui uma pessoa muito ativa, e ainda mais que eu era imperativa demais, não podia ficar parada um minuto sequer. Como por exemplo, como vou conseguir viver sem o hipismo? Eu praticava o hipismo por muitos motivos, mas dentre alguns, eu me sentia mais forte quando estava montada, sentia que nada poderia me parar. Agora, teria que aprender a viver com as minhas limitações.
Sai do hospital empurrada por Luan, aquela cena jamais vou esquecer. Na minha direta estava minha mãe, na esquerda meu pai e atrás de mim o cara que me completava. Quantas vezes desejei aquele momento, todos nós reunidos. Mas nunca pensei que quando fosse acontecer esse momento, eu estaria naquela situação.
Meu pai mais uma vez me pegou no colo e me colocou dentro do carro. Minhas pernas perderam força, perderam vida. Era estranho tentar mover um músculo e não conseguir. Por mais que eu tente descrever qual é a sensação, jamais chegaria ao ponto exato. Esperei pela entrada de Luan no carro, mas vi que ele entrou no seu e foi atrás de nós junto para o condomínio. Luan e a sua gentiliza de não querer forçar a barra com os meus pais.
A última vez que eu sai de casa, nunca pensei em retornar em uma cadeira de rodas, mas cá estamos nós.

_Licença ... -meu pai disse ao envolver os braços sobre mim, para colocar-me na cadeira-. Prontinho.

_Surpresa! -Gritaram quando entramos na sala-.

E não foi uma surpresa somente para mim, foi surpresa para nós todos. Os que gritaram, e para nós que chegamos. Estavam grande parte dos meus amigos ali. Encontravam-se ali Luana, Gabriel, Bruna, Bruno, Marizete, Amarildo, minha treinadora e meus colegas do hipismo também.

_Sophia... -Bruna correu para meu rumo- Luan, porque você não me avisou que... você ta na cadeira por causa da cirurgia, não é?

_Aqui estão as flores da sua família lá do Rio... -disse a empregada logo parando ao me ver sentada em uma cadeira de rodas-.

_Obrigada. -Disse ao pegar as flores e ler o pequeno cartão que contia ali.

''Esperamos que você fique bem. Estamos torcendo pela sua melhora. Não conseguimos ir ai, por termos visitas em casa. Estamos morrendo de saudades de você. Fica com Deus, te amamos.''

_Ninguém vai falar nada? O que aconteceu? -Bruna disse exaltada-.

_Desculpa Bruna. -Expliquei-. É... eu estou melhorando, mas a questão de eu estar na cadeira não é por causa da cirurgia, sim é, mas é porque agora eu não vou... -as lágrimas escaparam contra a minha vontade-. Eu não vou mais...andar. -Disse por fim relutando com as palavras-.

Ouvi suspiros atrás de mim, e ecoaram pela sala toda. Nunca me senti tão envergonhada por terem pena de mim.

_Gente, desculpa, eu não quero ser indelicada. Espero que vocês me entendam, mas eu vou subir...quer dizer, vão me levar para o meu quarto, eu estou cansada. Podem continuar a comemoração pela minha volta, mas desculpem. Eu não estou me sentindo bem...

_Filha, você pode dormir aqui no quarto de visitas.

_Eu quero o meu quarto mãe...

_Vamos ter que desmonta-ló e trazê-lo para cá.

_Não mãe, eu não quero meu quarto aqui embaixo. -Disse nervosa-.

_Podem deixar que eu a levo pra lá. -Luan percebendo meu nervosismo nos interrompeu-.

_Obrigada Luan.

Luan ficou bons minutos parado na frente da cadeira tentando pensar um modo de me pegar sem que me machucasse...

_Você não vai me machucar, pode ficar tranquilo. -Falei não só pra ele, mas para a plateia que nos observava em silêncio-.

Com as mãos fortes ele passou uma das mão por minhas costas e passou a outra por debaixo das minhas pernas. Me levantou e colocou contra seu peito. Passei a mão por volta do seu pescoço, para me arrumar para que ficasse mais fácil para ele a subida das escadas.
Para nossa sorte, após subirmos as escadas a porta estava entreaberta.
Com toda delicadeza do mundo, ele me colocou na cama. Não cansado apenas de fazer aquilo, jogou o edredom por cima de mim.

_Você não pode ficar doentinha agora, precisa ficar boa para fazer a cirurgia.

_Desculpa o trabalho que eu te dou.

_Eu faço por amor. -Ele disse se deitando em meu colo, com o corpo torto na cama-. E amor, é o que não falta.

2 comentários:

Anônimo disse...

Leitora nova!!! To amando, espero que ela se recupere logo e que o pai dela veja o bem o Luan faz à ela. @Cariggayer

Anônimo disse...

ta linda a história.. emocionante!
continuaaa
@luanwithpride