segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
ɞ Capítulo Um ʚ
"Era como se minha vida fosse continuar daquele modo, sem rumo. Completa em algumas partes e incompleta em outras. Ser feliz pela metade, não é algo que eu recomendo."
Quinta-feira, 09 de dezembro de 2010.
Aquele era mais um dia comum como a maioria dos outros, acordei relativamente cedo para alguém que estava de férias assim como eu, peguei meu celular e vi uma chamada perdida de Bruno -meu namorado- ligaria depois, me espreguicei e cheguei até a janela do quarto. Era um dia lindo, o sol brilhava forte lá fora, o mar refletia seu azul e se encontrava com o céu, agradeci a Deus por mais um dia de vida.
Troquei de roupa e me arrumei para o hipismo, prendi o cabelo em um coque, coloquei a bota, e fui até a cozinha onde Ivone estava.
_Bom dia Ivone. -Falei depois de abraçá-la.
_Bom dia Sophia! Já vai sair?
_Vou sim, quero chegar mais cedo na hípica hoje. Meus pais já saíram??
_Já, tem quase uma hora.
_Hum... Tudo bem.
Peguei uma fruta qualquer, acenei para Ivone e sai do apartamento correndo pra chegar no elevador.
Não me lembro bem a data que Ivone foi trabalhar conosco, ainda era criança, mal sabia falar, meus pais a contrataram para cuidar de mim, mas quando cresci não permiti que eles a mandassem embora, ela era uma pessoa extremamente importante na minha vida, me acompanhando sempre.
Estava saindo do prédio e meus pensamentos foram interrompidos com a buzina atrás de mim, me fazendo levar a mão no coração.
_Quer carona? -Era meu tio Roberto, que morava no apartamento em frente ao nosso de quem eu era super amiga.
_Tio Beto! Quase me matou de susto!
_Vem, entra ai que eu te deixo na hípica.
Concordei e dei a volta no carro. Fomos conversando todo o caminho que era curto, agradeci e ele seguiu pro trabalho.
A hípica estava um pouco cheia, cumprimentei algumas pessoas que estavam por ali e fui logo buscar Argus -meu cavalo- que era meu fiel companheiro.
Conversei brevemente com Frederico, que era o veterinário responsável pelos cavalos que competiam e também era meu treinador.
_Ansiosa pra competição? -Ele perguntou, quando já estava montando Argus.
_Um pouco, talvez. -Respondi.
_Não fique, você é ótima no que faz.
_Obrigada.
Então só me restava treinar bastante pra essa competição, já estava acostumada a competir mas sempre ficava nervosa, era assim nos últimos cinco anos, desde que comecei a participar de pequenas disputas que aconteciam ali mesmo e para minha surpresa, ganhava na maioria das vezes que competia.
Treinei durante um bom tempo. Só parei quando vi Bruno me esperando e apontando pra um relógio que não existia em seu pulso sorrindo gentilmente.
Frederico disse que cuidaria de Argus e me mandou ir embora, e assim eu fiz.
_Oi meu amor. -Bruno falou, me segurando pela cintura e me dando um beijo.
_Oi amor, tudo bem?
Ele não respondeu, segurou minha mão e fomos caminhando em direção ao seu carro.
_Comigo tudo bem sim, mas eu tô te achando um pouco distante esses dias.
_Não é nada, é bobagem. -Respondi o mais natural possível.
_Eu te conheço, e já até sei o que é. -Bruno disse abrindo a porta do carro.
_Sabe? -Perguntei em um tom desafiador.
_Você quer ir na viagem com suas primas, não é isso? -Ele foi direto ao assunto.
_É, mas agora já não dá mais tempo, a viagem é amanhã.
_Mas por que você não falou isso a mais tempo? Eu não me importaria se você fosse.
_Tava preocupada com outras coisas, a faculdade, o campeonato de hipismo, e eu também sei que você não gosta muito dessa ideia.
_Eu não gosto do Luan Santana, é diferente! -Bruno disse rindo- Mas acho que você deveria ir sim, vai te fazer bem.
_Não dá mais tempo, a viagem é amanhã e... -Fui interrompida com meu celular tocando. Era meu pai, avisando que ele e minha mãe não conseguiriam ir em casa almoçar como o prometido e se desculpando mais uma vez. Não dei muita importância, só pedi pra ele conseguir arrumar uma passagem pra mim, mesmo sabendo que era algo quase impossível.
_Tem planos pro almoço? -Perguntei a Bruno.
_Não.
_Almoça comigo e com a Ivone hoje?
_Tava achando que esse convite não fosse sair nunca! -Ele riu.
Pouco depois chegamos ao prédio, Bruno almoçou conosco mas não demorou pra ir embora. Ajudei Ivone, que havia se tornado secretária dos meus pais com alguns papéis e fui pro apartamento do tio Roberto.
_Oi Sophia! -Amanda disse ao abrir a porta.
_Oi Amanda.
_Vem, as meninas tão no quarto.
Amanda, Isadora e Nicole eram filhas do Roberto, irmão do meu pai. Eram poucos meses mais novas que eu, crescemos juntas e sempre moramos no mesmo prédio. Elas eram minhas melhores amigas, minhas primas, minhas irmãs.
Ficava mais tempo com elas e Ivone do que com meus pais, que eram muito ausentes, viviam no trabalho, ou em alguma reunião, ou em algum jantar com um futuro sócio. Sempre tive tudo o que eu quis, na ausência do afeto, meus pais tentavam compensar com o material, mas nunca deixei que essa parte me dominasse, aprendi com Ivone a dividir e também a doar.
_Oi Isa, ou Nic! -Falei me sentando em uma poltrona no quarto que estava cheio de malas e roupas por todos os lados.
_Não fala comigo Sophi! Não fala comigo, porque foi traição da sua parte não ir com a gente. -Nicole falou jogando uma toalha em mim.
_Concordo! -Isadora falou.
_Para! Eu já tô quase chorando com vontade de ir. -Falei.
_Onde você tava com a cabeça quando disse que não iria no cruzeiro com a gente? -Nicole continuou.
_Na lua. -Dei de ombros.
_Seu pai conhece tanta gente, será que ele não consegue uma passagem pra você?
_Já pedi, mas tô achando difícil.
Amanda colocou nosso cd preferido, Luan Santana ao vivo em Campo Grande, estava bem alto, os outros moradores com certeza iriam reclamar. Continuamos naquela conversa por muito tempo, ajudei as meninas a arrumarem as malas, dei opinião sobre tudo até que meu celular tocou.
_Abaixa o volume! -Falei apontando pro aparelho de som que tocava o cd pela segunda vez.- Oi pai.
_Oi Sophia! Tenho ótimas notícias pra te dar! -Ele falou animado.
_Fala, o que foi? -A curiosidade estava me consumindo.
_Consegui uma cabine pra você no cruzeiro! Conversei com um amigo meu e ele está nesse projeto, vai mandar tudo pra mim por e-mail, vocês vão pra São Paulo amanhã tudo bem?
_Tudo ótimo pai, tudo ótimo! A eu nem acredito.
_Vou desligar agora e levo vocês pro aeroporto.
_Tá bom pai, muito obrigado!
Desliguei e fiquei alguns segundos calada.
_Fala alguma coisa! -Nicole falou.
_Eu... Vou... Com... Vocês... Pro... Cruzeiro! -Falei pausadamente.
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